A divulgação do risco de Gabigol desfalcar o Flamengo na partida contra o Racing, na próxima terça-feira, pela Libertadores, jogou combustível na discussão sobre o trabalho de recuperação dos atletas no clube. De acordo com o comunicado, o camisa 9 tem um desequilíbrio muscular. Afinal, houve algum erro?
Na sexta, o assunto “departamento médico” já estava em alta. O gerente de saúde e alto rendimento do Flamengo, o médico Márcio Tannure, deu entrevista, respondeu sobre o alto número de lesões este ano, e defendeu o trabalho desenvolvido pelo clube e tão elogiado na temporada passada.
A reação de muitos torcedores nas redes sociais foi de contrariedade. Dentro do clube, também houve pessoas que não se convenceram com as explicações. O próprio Tannure disse na entrevista que recentemente fez mudanças no departamento médico porque “não estava satisfeito”.
Gabigol é um dos casos de jogador que teve problemas em série após a volta das competições. No fim de setembro, no Equador, uma lesão na coxa direita. Depois, a mais séria: em um lance sozinho, teve um entorse no tornozelo e ficou em tratamento por mais de um mês. Por fim, novamente a coxa direita, na partida contra o São Paulo, no Maracanã.
Após o retorno das competições, Gabigol esteve em 19 dos 37 jogos disputados pelo Flamengo. O trabalho do artilheiro não se restringe ao Ninho. Desde 2019 ele faz atividades de prevenção em sua casa. Recentemente ele trocou seu fisioterapeuta particular, que foi indicado por Tannure.
A escalação de Gabigol contra o Racing está em dúvida por causa dos testes isocinéticos feitos. Eles mostraram o desequilíbrio muscular.
Especialista diz que prudência é importante para evitar mais lesões
O ge consultou Amir Murcio, que trabalhou por oito anos com a seleção brasileira feminina, sobre o assunto. Para ele, em casos como o de Gabigol, que teve lesões seguidas a chance de os atletas terem desequilíbrio muscular é maior.
Outro que teve esse problema foi o atacante Pedro Rocha. Para Amir Murcio, muitas vezes os próprios jogadores têm dificuldade para aceitarem que há o problema.
– Quando acontecem as lesões, isso vai somando, ele fica um tempo sem treinar e jogar. Quando volta, acontece de a musculatura estar mais enfraquecida, menos preparada, com menos capacidade de contração. Isso gera um risco maior de lesão. O diagnóstico do desequilíbrio é importante, por mais que às vezes o atleta não sinta nada e ache que não tem nada. Internamente isso pode até se tornar um problema – disse o fisioterapeuta.
O longo período inativo durante o auge da pandemia e a maratona de jogos após a retomada das competições potencializaram os problemas, na visão de Amir Murcio.
– Por mais que a grande maioria dos jogadores tenha feito trabalho de prevenção, as atividades intensas com bola não estavam sendo feitas. Com a volta das competições, a demanda foi muito alta e sobrecarregou a musculatura. No ano que vem, por causa do pouco tempo de descanso, a demanda vai seguir alta. Por isso que é importante a prudência.
Para a partida de terça-feira, contra o Racing, o Flamengo vive a expectativa de ter o retorno de dois jogadores que estavam no departamento médico: Pedro e Rodrigo Caio.
O zagueiro, assim como Gabigol, teve problemas para voltar. Quando estava na Seleção, acusou dores no joelho. Quando estava na reta final de recondicionamento para ser novamente relacionado, teve uma lesão na panturrilha.
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