Em seu primeiro discurso no plenário do Senado após retomar seu mandato, o senador Aécio Neves (PSDB-MG) afirmou nesta terça-feira (4) que não cometeu nenhum crime e foi vítima de uma “armadilha” tramada por um “criminoso confesso”. — Não cometi crime algum, não aceitei recurso de origem ilícita, não ofereci ou prometi vantagens indevidas a quem quer que fosse e tão pouco atuei para obstruir a Justiça, como me acusaram. Fui vítima de uma armadilha executada por um criminoso confesso de mais de 200 crimes, cujas penas somadas ultrapassariam os 2.000 de cadeia. O tucano garantiu que retorna ao Senado Federal, que ele classificou como a própria casa, com “absoluta serenidade”, mas indignado pela “injustiça” que o “condenou previamente sem chance de defesa”. — Meu retorno se dá, única e exclusivamente, pela estrita observância da lei, pelos direitos assegurados e pelo cumprimento da nossa Constituição.
O senador ainda admitiu que errou ao se envolver em uma “trama argilosa” e voltou a se desculpar por utilizar de palavrões durante as conversas telefônicas divulgadas em que teve seu celular grampeado pela PF (Polícia Federal). De acordo com Aécio, esse tipo de vocabulário não lhe é comum.
Aécio reafirmou também que procurou Joesley Batista, dono da JBS, para vender um apartamento por “jamais obteve, em tempo algum, vantagens financeiras através da política” o que, segundo ele, “ficará amplamente provado pela Justiça”.
— Essa venda me ajudaria a arcar com as novas despesas que eu passei a ter com advogados. E o procurei porque tenho que me desfazer de parcela do meu patrimônio familiar.
Segundo Aécio, sua principal missão neste retorno ao Senado é dar andamento nas propostas de reforma trabalhista e previdenciária enviadas pelo presidente Michel Temer (PMDB) ao Congresso Nacional.
— Fui eu que na condição de presidente do partido [PSDB] e, credenciado com a posição de cada um de meus companheiros, condicionou o nosso apoio ao cumprimento dessa agenda que devemos reconhecer apesar de todas as adversidades continua sendo liderada pelo presidente.
Já no final de seu discurso, Aécio pediu que o governo reconsiderasse a decisão de reajustar o valor dos benefícios do Bolsa Família em julho. Originalmente, a ideia era dar aumento de 4,6% no benefício, acima da inflação oficial acumulada em 3,6% nos últimos 12 meses, mas o Ministério do Desenvolvimento Social, responsável pelo pagamento do benefício, informou que reajuste não acontecerá neste momento.
Esta foi primeira sessão em que Aécio marca presença no Congresso Nacional desde a decisão do ministro Marco Aurélio Mello, do STF (Supremo Tribunal Federal), de restabelecer o seu mandato, na semana passada. O tucano ficou 46 dias afastado da Casa por determinação do ministro Edson Fachin, após ser acusado de corrupção passiva e obstrução de Justiça.
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