Bahia: Grupo com PMs sequestrava três vítimas por semana; resgate custava R$ 50 mil


O grupo criminoso que contava com a participação de policiais militares sequestrava em média três vítimas por semana. A organização chegava a cobrar R$ 50 mil pelo resgate de comerciantes e suspeitos de crimes.

As informações foram passadas pela Polícia Civil, durante apresentação do balanço da Operação “Só Rasteira”, que prendeu dois policiais militares e um terceiro homem na manhã desta terça-feira (3). O grupo é responsável por sequestros em Salvador e Região Metropolitana (RMS). Uma quarta pessoa que teve a prisão solicitada não foi localizada.

Para a polícia, não há dúvida do envolvimento dos três presos desta terça nas ações criminosas. “Eles foram reconhecidos pela vítimas como sendo aqueles que invadiam os imóveis para pegá-las e também recebiam dinheiro. Eram ações contínuas. Faziam em média três sequestros por semana”, declarou o delegado Odair Carneiro, do Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco), uma das unidades envolvidas na operação. Pelo menos 10 vítimas foram localizadas e ouvidas na investigação.

Com os criminosos, a polícia encontrou máquinas de cartão usadas para o pagamento do resgate. “Eles começavam pedindo R$ 50 mil , mas no final das negociações recebiam R$ 10 mil, R$ 5 mil, a depender das vítimas. Em alguns casos, obrigavam os parentes a venderem os veículos, como motos, para pagar o resgate. Há situações em que os criminosos obrigavam a venda de imóveis com valores bem abaixo do mercado para que os parentes das vítimas pudessem completar o dinheiro do resgate”, relatou Odair Carneiro.

As investigações começaram no dia 22 de fevereiro deste ano, quando os dois PMs chegaram a ser pegos por outros policiais militares durante uma tentativa de sequestro de um comerciante no bairro do Stiep. “Naquele momento eles não foram presos porque não havia flagrante configurado, mas o inquérito foi aberto, estamos terminando o inquérito, estamos solicitando as prisões preventivas em relação à primeira situação e agora eles foram presos por força de um mandado por uma nova ação criminosa”, declarou o delegado Adailton Adam, do núcleo de Repressão e Extorsão Mediante Sequestro do Draco.

Os dois PMs são soldados que trabalham na Rondesp Atlântico, mas que estavam em unidades administrativas desde o episódio no Stiep. “Até então, esses policiais não tinham histórico de crimes, o que nos causou estranheza, mas de posse desses elementos robustos, a Corregedoria da Polícia Militar vai instaurar um Procedimento Administrativo Disciplinar (PAD) que pode resultar na demissão dos policiais envolvidos”, declarou o capitão Everton Santana, da Corregedoria da PM.

Os dois têm, em média, sete anos na corporação. “São policiais novos e a Polícia Militar não tolera esse tipo de conduta e a apuração será no rigor da lei. A acusação é de extorsão mediante sequestro, roubo qualificado e associação criminosa. Então a gente não admite esse tipo de policiais militares, que têm condutas que prejudiquem a imagem da corporação”, declarou o capitão.

Os nomes dos três presos foram mantidos em sigilo. “O homem que também foi capturado com os PMs, era acostumado se passar por policial e ir junto na invasão das casas e espancamento das vítimas”, acrescenta o delegado.