Cinco em cada dez brasileiros com 50 anos ou mais afirmam já ter passado fome ao menos uma vez na vida. A informação foi divulgada nesta terça-feira (10) pelo Instituto Locomotiva, em São Paulo, durante a apresentação do projeto Longeratividade, que vai publicar anualmente um retrato dessa faixa etária da população. A pesquisa ouviu presencialmente 1.650 pessoas, espalhadas por 70 cidades brasileiras, entre os dias 21 e 29 de agosto.
Segundo o presidente do instituto, o especialista em economia popular Renato Meirelles, esses números justificam o fato de pessoas com mais de 50 anos se considerarem mais “inovadoras” e “criativas” na hora de economizar e gastar, na comparação com quem tem até 35 anos.
— Quando você já passou fome, quando faltou dinheiro para a comida, você aprende a se virar. Ser inovador é quase uma característica necessária para sobreviver. Carlos Alberto Júlio, sócio e chefe de estratégia do instituto, diz que o dado causou espanto e revela uma característica desse grupo de brasileiros.
— Quem passou fome lá atrás luta pela abundância. Ele não luta pela suficiência. Talvez se ele conseguisse pensar no quanto é suficiente para viver, ele pouparia menos e investiria mais nos hábitos de vida dele, viagens e etc.
De acordo com Júlio, que também é professor da FIA/USP (Fundação Instituto de Administração da Universidade de São Paulo), existe uma “lembrança corporal e até espiritual” em quem passou por essa necessidade.
— Então, quando essa pessoa pensa na abundância, a coisa caminha mais para produtos financeiros e imóveis do que para estilo de vida.