Descoberta da Covid faz dois anos sob forte onda da variante Ômicron


Primeiros casos de Covid tinham relação com mercado de animais em Wuhan 

O mundo acompanha recordes de casos diários de Covid-19 com o auge da variante Ômicron, considerada mais transmissível que a Delta, dois anos após a descoberta dos primeiros casos da doença. Exatamente no dia 31 de dezembro de 2019 a China comunicava à OMS (Organização Mundial da Saúde) um surto de pneumonia viral de origem desconhecida em que já haviam adoecido 44 pessoas na cidade de Wuhan, na província de Hubei, no mês de dezembro.
Os primeiros doentes tinham alguma ligação com o mercado de frutos do mar e animais vivo Huanan. Inicialmente, autoridades locais informaram que não havia indícios de transmissão da doença entre humanos.
A notícia reacendeu o alerta de uma epidemia conhecida na Ásia: a de SARS (síndrome respiratória aguda grave), causada pelo coronavírus SARS-CoV entre 2002 e 2003, que infectou cerca de 8.000 pessoas e deixou 774 mortos.
O que estava por vir, todavia, era algo infinitamente maior do que a SARS.
Em 11 de janeiro, morre a primeira vítima da pneumonia misteriosa, homem de 61 anos que estava internado em um hospital de Wuhan.
No dia seguinte, cientistas chineses publicam a sequência genética do vírus causador da doença, elucidando as primeiras dúvidas acerca da infecção.
Descobre-se que é um betacoronavírus, muito semelhante ao causador da SARS. O patógeno é nomeado como SARS-CoV-2.
Tratava-se de um vírus de transmissão pela via respiratória, que causava febre, dificuldade para respirar e, em alguns indivíduos, um quadro de pneumonia – outros sintomas foram identificados nas semanas seguintes, como perda do paladar e olfato.
Pesquisadores da Universidade Agrícola do Sul da China, em Guangzhou, chegaram a divulgar que o pangolim era o animal que seria o hospedeiro intermediário do vírus (originalmente encontrado em morcegos). Todavia, até hoje não se sabe com exatidão a origem do SARS-CoV-2.
Coronavírus se espalha pelo mundo
A Tailândia confirma o primeiro caso fora da China de uma pessoa infectada pelo SARS-CoV-2 em 13 de janeiro. Era um viajante de Wuhan.
A OMS passou a considerar a plausibilidade da transmissão entre humanos do vírus, tendo em vista que o mesmo ocorreu com o SARS-CoV e com o MERS-CoV, este último que casou um surto de MERS (síndrome respiratória do Oriente Médio), em 2012. Em 28 de janeiro, isto acaba sendo confirmado pela entidade.
Ainda em meados de janeiro, autoridade chinesas fazem o maior lockdown da história recente do planeta ao isolar 26 milhões de habitantes de cidades na província de Hubei.
Transportes são suspensos e polícia é colocada nas ruas para evitar que a população saia de casa. Qualquer um que com sintomas gripais seria levado obrigatoriamente para um centro de isolamento.

Em 21 de janeiro, os Estados Unidos confirmam o primeiro caso de infecção pelos coronavírus, no estado de Washington. Era um viajante que retornou da China. A França reporta os dois primeiros casos da doença na Europa, em 24 de janeiro.
Em 30 de janeiro, o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom, anuncia que o Comitê de Emergência da entidade havia chegado a um consenso de que o surto na China representava uma Emergência de Saúde Pública de Interesse Internacional.
Naquele momento, havia relatos de 7.818 casos confirmados em todo o mundo, sendo 82 deles em 18 países.
Enquanto isso, a China corria contra o relógio para construir dois hospitais de campanha em Wuhan. O primeiro deles, com 1.000 leitos, foi concluído em 2 de fevereiro, dez dias após o início das obras.
Em 5 de fevereiro, o navio de cruzeiro Diamond Princess atraca na baía de Tóquio, no Japão, e é imediatamente colocado em quarentena, após casos de infecção pelo coronavírus serem detectados a bordo.
O navio retornava de uma viagem de pouco mais de duas semanas pelo sudeste asiático com 2.666 passageiros e 1.045 tripulantes.
A embarcação se torna o retrato da inabilidade de autoridades sanitárias naquele momento para lidar com a ameaça biológica que estava imposta. Ao manter as pessoas dentro do barco, o vírus se disseminou com mais facilidade, infectando 712 pessoas, das quais 14 morreram.
O grupo só pode deixar o navio em 1º de março. A quarentena imposta pelas autoridades japonesas foi duramente criticada por especialistas, já que a embarcação não possuía filtros de ar específicos para evitar que o vírus se espalhasse.
Emergência global
A palavra Covid-19 é conhecida pela primeira vez em 11 de fevereiro, ao ser definida pela OMS, em uma referência ao termo em inglês coronavirus disease 2019 (doença do coronavírus).
“O nome da doença foi escolhido para evitar imprecisões e estigmas e, portanto, não se referia a uma localização geográfica, um animal, um indivíduo ou grupo de pessoas”, justificou a entidade.
Em fevereiro, a Covid-19 se espalha com mais força na Ásia — provocando uma alta de casos e mortes no Irã – e na Europa.
No fim daquele mês, a Itália torna-se o epicentro da pandemia, com um colapso hospitalar no norte do país cujas imagens chocam o mundo. Quase que simultaneamente a situação se repete na Espanha. *R7.