No Brasil, 6 bilionários possuem a mesma riqueza de 100 milhões de pessoas


Vista da Favela Real Parque com prédios do bairro do Morumbi ao fundo, em São Paulo (SP). O Brasil permanece como um dos países de maior desigualdade social do mundo, segundo o IDH ( Índice de Desenvolvimento Humano). (São Paulo, SP, 10.11.2005. Foto de Tuca Vieira/Folhapress)
 Foto de Tuca Vieira/Folhapress)

Um estudo sobre a desigualdade no País apresentado pela Oxfam nesta segunda-feira (25) revela que os seis maiores bilionários do País concentravam, no começo deste ano, a mesma riqueza que a metade mais pobre da população — cerca de 100 milhões de pessoas.

Segundo o ranking de bilionários da revista Forbes deste ano, brasileiros mais ricos são: Jorge Paulo Lemann (investidor), Joseph Safra (banqueiro), Marcel Herrmann Telles (investidor), Carlos Alberto Sicupira (investidor), Eduardo Saverin (co-fundador do Facebook) e Ermirio de Moraes (do Grupo Votorantim).

Juntos, eles possuem uma fortuna estima da em mais de R$ 280 bilhões. “Gastando R$ 1 milhão por dia, estes seis bilionários, juntos, levariam em média 36 anos para esgotar o equivalente ao seu patrimônio”, acrescentaram os pesquisadores.

Os 31 bilionários que o Brasil tinham em 2016 tinham uma fortuna estimada em R$ 424,5 bilhões. Metade deles herdou patrimônio da família.

Com base nisso, a Oxfam fala na “incapacidade de nosso sistema de desconcentrar a
riqueza – algo que sistemas tributários mais progressivos, como visto em países da Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico, podem ajudar a fazer”.

Renda

O estudo da Oxfam ainda chama atenção pelo fato de que 80% dos brasileiros (165 milhões de pessoas) viverem com uma renda individual inferior a dois salários mínimos por mês: R$ 1.874.

São considerados entre os 10% mais ricos do País pessoas com renda per capita média de R$ 4.510. Esse grupo tem cerca de 20 milhões de brasileiros.

No topo da pirâmide está o 1% da população que recebe acima de R$ 40 mil por mês.

Em relação à renda, o 1% mais rico da população recebe, em média, mais de 25% de toda a renda nacional, e os 5% mais ricos abocanham o mesmo que os demais 95%”, destaca o estudo.

Os pesquisadores também chegaram à conclusão de que um brasileiro que recebe salário mínimo teria que trabalhar quatro anos para juntar o que o 1% mais rico ganha em um mês.

Já para equiparar o rendimento mensal ao do 0,1% mais rico, seriam necessários 19 anos de trabalho.

“Essa enorme concentração é fruto de um topo que ganha rendimentos muito altos, mas sobretudo de uma base enorme de brasileiros que ganha muito pouco”, destaca o documento.

Negros recebem menos

Sete em cada dez negros brasileiros (67%) recebem até 1,5 salário mínimo por mês (R$ 1.405,50). Já entre os brancos, 45% se incluem nessa faixa de renda.

“Cerca de 80% das pessoas negras ganham até dois salários mínimos. Tal como acontece com as mulheres, os negros são menos numerosos em todas as faixas de renda superiores a 1,5 salário mínimo, e para cada negro com rendimentos acima de 10 salários mínimos, há quatro brancos”, observam os pesquisadores.

Outra observação do estudo é sobre a lenta evolução da renda dos negros diante dos brancos.

“Considerando todas as rendas, brancos ganhavam, em média, o dobro do que ganhavam negros, em 2015: R$ 1.589,00 em comparação com R$ 898,00 por mês. Em vinte anos, os rendimentos dos negros passaram de 45% do valor dos rendimentos dos brancos para apenas 57%. Se mantido o ritmo de inclusão de negros observado nesse período, a equiparação da renda média com a dos brancos ocorrerá somente em 2089”.