Desafios de Bolsonaro incluem desemprego e violência


vitória de Jair Bolsonaro (PSL) nas urnas vem acompanhada de uma série de desafios complicados para resolver e que continuarão a existir a partir de 1º de janeiro de 2019, quando ele assumir a cadeira de presidente da República.

A equipe do presidente eleito vai se reunir em breve com auxiliares do presidente Michel Temer (MDB) para iniciar a transição do governo.
Na pauta, questões como reforma da Previdência, reforma tributária, intervenção federal no Rio de Janeiro e segurança pública em todo o país, entre outras.
Congresso
O novo Congresso terá 30 partidos, o maior número já registrado. Mas o perfil dos parlamentares que integrarão a Câmara dos Deputados e o Senado Federal a partir de fevereiro do ano que vem é conservador, algo inicialmente vantajoso para Bolsonaro na avaliação do cientista político e professor Rodrigo Prando, da Universidade Presbiteriana Mackenzie
Moro saúda Bolsonaro e sugere reformas “com diálogo e tolerância”
“Esse perfil mais conservador já cria para ele [Bolsonaro] uma base de sustentação. Além disso, algumas bancadas como a ruralista e a dos evangélicos estão com ele, sem contar parlamentares ligados aos militares. Não me parece que ele deva ter neste início grandes dificuldades com esse Congresso”, observa.
Prando, por outro lado, pondera que Bolsonaro terá que “vestir a roupa de presidente”.
“O grande desafio do Bolsonaro vai ser tirar a roupa de candidato e vestir a roupa de presidente. Ele vai ter que abandonar o discurso e a retórica da eleição para assumir a chamada liturgia do cargo. Ele vai ter responsabilidade redobrada sobre aquilo que ele fala, assim como os filhos dele.”
Presidente eleito terá 24,6 mil cargos à disposição
Para o professor, o prestígio inicial do novo presidente deverá ser um capital político valioso para a aprovação de projetos importantes no Congresso, mas só isso não bastará. “Ele vai precisar negociar e fazer concessões. Como é um deputado que sabe como as coisas funcionam, ele está ciente disso”, diz. O futuro presidente já havia feito acenos ao deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), que quer se candidatar novamente à Presidência da Câmara, o que indica uma flexibilidade do discurso inicial dele.
Além disso, Bolsonaro terá que dar certa tranquilidade ao mercado financeiro, isso inclui manter o economista Paulo Guedes no ministério da Fazenda.
“Uma eventual saída de Paulo Guedes do governo criaria uma crise de confiança no mercado. O candidato que a vida toda foi intervencionista e estatizante, agora perde o principal aliado liberal. Não seria algo positivo”, completa.
O futuro presidente ainda sofrerá pressões de partidos políticos para as nomeações de cargos públicos.
“A retórica do palanque é uma e na hora de governar é outra, sobretudo porque o Bolsonaro sabe como funciona. Bolsonaro pode bater no peito e dizer ‘eu ganhei sozinho’, sem partido, sem coligação, sem tempo de TV, sem dinheiro. Tecnicamente, não deveria nada a ninguém, mas ele sabe que para governar, exige a necessidade de cargos e indicações. Há uma diferença substancial entre ganhar e governar. A Dilma ganhou em 2014, mas não governou por causa do estilo dela, de não ceder e não querer dialogar com ninguém”, diz Prando.