Pesquisa revela que mulheres inovaram mais que os homens na pandemia


                  Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Uma pesquisa realizada pelo Sebrae com a Fundação Getulio Vargas (FGV), entre os dias 27 e 31 de agosto, mostrou que as empreendedoras foram mais ágeis na hora de implementar inovações a seus negócios, em comparação com os homens. De acordo com o levantamento, a maioria das mulheres (71%), faz uso das redes sociais, aplicativos ou internet para vender seus produtos. Já o percentual de homens que utilizam essas ferramentas é bem menor: 63%. Essa vantagem das mulheres diante dos empresários também foi verificada no uso do delivery e nas mudanças desenvolvidas em produtos e serviços.

A pesquisa revelou que a maioria dos empresários registrou uma diminuição do faturamento mensal, a partir do início da pandemia, com uma situação ligeiramente pior para as mulheres (78%), em comparação com os empresários do sexo masculino (76%). Por outro lado, elas passaram – por força das medidas de isolamento social – a utilizar mais as vendas online do que os homens (34% delas contra 29% dos empreendedores). As mulheres donas de negócios também inovaram mais na oferta de seus produtos e serviços (11%) contra 7% dos homens; e usaram mais os serviços de delivery (19%), enquanto 14% dos empresários passaram a adotar essa mesma estratégia.

Para Sebrae, esse fenômeno pode ser explicado – em grande parte – graças ao nível de escolaridade das mulheres empreendedoras: 63% delas têm nível superior incompleto ou mais, contra 55% dos homens com esses mesmos níveis de escolaridade. Outra possível explicação pode estar no fato do percentual de mulheres jovens empreendendo ser maior do que o de homens (24% delas têm até 35 anos contra 18% deles).

Na lista dessas mulheres, aparece Livia, 40, que usou o talento como designer para investir em uma papelaria artesanal e passou a vender os produtos online. Assim como ela, Maria Isabel, 36, foi incentivada pelos amigos, se reinventou e passou a comercializar doces, bolos e geleias nas redes sociais. Já Carolina, 25, descobriu o site de classificados online, VIVALOCAL, e passou a oferecer seu serviço como massoterapeuta.

Dívidas, crédito e futuro

Ainda de acordo com os dados da pesquisa, as mulheres têm se mostrado menos propensas a buscar crédito no mercado. Segundo a pesquisa do Sebrae com a FGV, desde março, 54% dos empreendedores do sexo masculino buscaram crédito. Entre as mulheres, a proporção é praticamente oposta: 55% delas não buscaram empréstimos.

Mas em relação ao sucesso daqueles empreendedores que buscaram, quase não houve diferenças entre os gêneros: apenas 22% dos homens e 23% das mulheres que buscaram crédito conseguiram o dinheiro. A maior parte (22% dos homens e 17% das mulheres) alega que o banco não informou qual foi o motivo para a não concessão de crédito. Outra parte expressiva (16% dos homens e 17% das mulheres) dos entrevistados disse que a razão foi o CPF negativado ou com restrição.

Outra diferença grande de comportamento entre homens e mulheres empreendedores é em relação a dívidas. Enquanto a maior parcela dos empresários (37%) tem dívidas/empréstimos em dia, a parcela mais representativa das mulheres é aquela que afirma não ter dívidas (36%).

Dados da pesquisa ainda apontam que apenas uma minoria dos empresários (8%), de ambos os sexos, disse que demitiu nesse período de crise, com os homens tendo demitido, em média, três funcionários e as mulheres, dois. A maior parte dos empresários, em ambos os sexos, não tomou nenhuma medida em relação aos funcionários. Entre os que adotaram, 32% das mulheres optaram por suspender o contrato de trabalho, enquanto 27% dos homens também fizeram isso.

Em relação ao futuro, os dois grupos de empreendedores acreditam que a situação econômica do Brasil deve voltar ao normal em 11 meses. Sobre seus negócios, as mulheres estão mais pessimistas. Apesar de 76% delas terem retomado as atividades, 68% acreditam que menos da metade dos clientes voltarão em 30 dias. Entre os homens, 61% acreditam nessa projeção.