Moro manda PF manter ‘inquérito mãe’ da Lava Jato aberto


O juiz federal Sérgio Moro determinou que a Polícia Federal não arquivasse o inquérito que deu origem à Operação Lava Jato, em Curitiba, que teve sua primeira fase deflagrada em 14 de março de 2014. O encerramento do procedimento de investigação inicial do escândalo Petrobrás, que tinha como alvo a atuação do doleiro Alberto Youssef na lavagem de R$ 1,4 milhão do ex-deputado federal José Janene (PP-PR) – morto em 2010 -, no Posto da Torre, em Brasília, em maio do a no passado, aconteceu dois meses antes da dissolução do Grupo de Trabalho de policiais, que atuava exclusivamente na força-tarefa.  O inquérito policial 1041/2013 foi aberto em 8 de novembro de 2013, pelo delegado Márcio Adriano Anselmo, que iniciou as investigações que desencadearam a primeira fase da Lava Jato, que prendeu em março de 2014 o doleiro Alberto Youssef – velho conhecido da Justiça Federal, do Caso Banestado – e o ex-diretor de Abastecimento da Petrobrás Paulo Roberto Costa. O inquérito nasceu de uma descoberta feita por Anselmo nas escutas telefônicas que tinham sido autorizadas pelo juiz federal Sérgio Moro, nos telefones da lavanderia de dinheiro do doleiro Carlos Habib Chater, dono do Posto da Torre. 

O encerramento do inquérito-mãe da Lava Jato pela PF tem caráter simbólico, mas aconteceu em um momento em que policiais e procuradores da força-tarefa do Ministério Público Federal acusaram um “desmonte” da equipe que iniciou as investigações, em Curitiba, promovido no governo, Michel Temer.

Em julho do ano passado, a PF de Curitiba comunicou oficialmente que o grupo de trabalho da Lava Jato passou a integrar a Delegacia de Combate à Corrupção e Desvio de Verbas Públicas (Delecor). Na prática, os quatro delegados que restaram na equipe – que já teve 9 – deixaram de trabalhar exclusivamente no caso Petrobrás.

A decisão de arquivar o inquérito-mãe foi assinada pelo delegado Igor Romário de Paula, que comandava a equipe da Lava Jato. “Conforme se observa em fls. 138/165, o procedimento já se encontra relatado e com as respectivas ações penais concluídas em primeira instância”, explica Igor, no despacho de maio, enviado a Moro.

Para o juiz, mesmo sem diligências mais vinculadas ao inquérito, “inúmeras demandas” estão centralizadas nele, não sendo oportuno seu encerramento.