Enem 2017: com média de 15 questões de física por edição, prova exige ir além da decoreba


Neste domingo (12), os estudantes vão se deparar novamente com a temida prova de física do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Nas dicas e avaliação de Douglas Pedroso, professor de Física do Stoodi (plataforma de educação a distância), é hora de o aluno ir além das fórmulas.

Tudo isso porque, desde a reformulação do Enem em 2009, a prova trouxe o cruzamento de matemática e física, além de colocar questões de fenômenos ondulatórios entre os desafios para os estudantes.

“Nos 10 primeiros anos do exame, a média de questões de física era de 5 por prova. A partir de 2009, o processo seletivo passou a apresentar cerca de 15 por edição”, afirma Douglas Pedroso, professor de Física do Stoodi.

Veja abaixo as dicas:

Estrutura das questões

O professor Douglas explica que antigamente as perguntas eram mais simples, ao nível de nem exigir tantos cálculos dos alunos. “A prova tinha muitos gráficos, interpretação de texto e pouca relação matemática. Não era nada muito complexo, comparada com as provas de hoje”, comenta o professor.

Depois das mudanças do exame, em 2009, até a estrutura das perguntas ficou diferente. “O Enem mudou completamente. É perceptível que as questões são contextualizadas em situações-problemas do cotidiano do estudante e relacionam o conteúdo com habilidades”, conta Pedroso.

De acordo com o professor, o exame pode apresentar uma questão de energia relacionada a um simples aparelho eletrônico ou situação ambiental, por exemplo. Além disso, as questões também costumam abordar as aplicações da Física na Medicina.

“Não tem como falar que o Enem não cobra conteúdo, só que ele cobra dentro de uma situação-problema, dentro de um contexto”, conclui o professor do Stoodi.

Tópicos mais recorrentes

De acordo com o professor Douglas Pedroso, existem alguns temas recorrentes nas questões de Física no Enem. São eles:

  • Eletrodinâmica
  • Trabalho e Energia
  • Calorimetria
  • Fenômenos ondulatórios

Os tópicos de Trabalho e Energia, Eletrodinâmica e Calorimetria sempre caíram com frequência na prova. O que foi novidade, a partir da mudança de 2009, foi o tópico de fenômenos ondulatórios.

Taxonomia das questões da prova de Física

Para explicar, de forma técnica, como a mudança do formato do Enem refletiu nas estruturas da prova, o professor Douglas Pedroso usou um conceito chamado Taxonomia de Bloom – muito utilizado por profissionais da área de educação para medir o nível de dificuldade das questões.

O que mudou com o novo formato de 2009 foi a profundidade das perguntas. Veja uma pirâmide que ilustra as habilidades necessárias para resolver as questões:

Pirâmide baseada na Taxonomia de Bloom - muito utilizado por profissionais da área de educação para medir o nível de dificuldade das questões (Foto: Divulgação)Pirâmide baseada na Taxonomia de Bloom - muito utilizado por profissionais da área de educação para medir o nível de dificuldade das questões (Foto: Divulgação)

Pirâmide baseada na Taxonomia de Bloom – muito utilizado por profissionais da área de educação para medir o nível de dificuldade das questões (Foto: Divulgação)

“O Enem exige que você saiba resolver situações-problema utilizando os seus conhecimentos sobre Física. As provas atuais querem que você utilize suas habilidades (Conhecer, Compreender, Aplicar, Analisar e Sintetizar) para solucionar tais problemas”, introduz Pedroso.

De acordo com o professor, se fizéssemos a Taxonomia de Bloom nos dez primeiros anos de exame, as habilidades necessárias para resolver as perguntas seriam “conhecer e no máximo aplicar. Hoje, você pode encontrar até o nível de sintetizar”.

“Perceba que essas habilidades não estão relacionadas com o conteúdo, por isso que é possível se deparar com questões de eletromagnetismo muito fáceis e questões de cinemática extremamente difíceis”, lembra o professor de Física.

Para tudo ficar mais visível, o professor definiu cada uma das linhas da pirâmide.

  • Conhecer: são problemas mais simples, porque com uma breve informação (palavra-chave) você consegue reconhecer o conteúdo. A resposta do problema será uma lembrança direta da matéria.
  • Compreender: são problemas que vão além do lembrar, porque além de reconhecer o conteúdo cobrado, você deve ser capaz de explicar com suas palavras o fenômeno físico. Como o ENEM é uma prova de múltipla escolha, é esperado que você identifique qual das alternativas é a correta.
  • Aplicar: chegamos às temidas fórmulas! Porém, muito cuidado – decorá-las pode não ser suficiente. Neste caso, são problemas que você precisa entender e encontrar qual fórmula se encaixa na situação descrita.
  • Analisar: o Enem gosta que você analise situações utilizando a comparação entre dois ou mais casos. Para isso, você deverá estar preparado para fazer comparações quantitativas e/ou qualitativas.
  • Sintetizar: são as questões mais difíceis da prova, porque elas querem que você utilize as as informações contidas no problema e acrescente seus conhecimentos para conseguir formular uma solução.

Tendência para a prova

Além de apontar os conteúdos de ondulatória como tendência, existe outra particularidade da prova. “Uma coisa que eu tenho percebido é a grande interdisciplinaridade entre Matemática e Física’, revela o professor.

De acordo com ele, esse tipo de questão passou a ser mais frequente no Enem nas últimas quatro edições. “Isso é interessante, porque o aluno se prepara para a prova de Matemática, e encontra perguntas sobre força e velocidade média”, exemplifica.

Douglas Pedroso completa que a prova está bem mais aprofundada, pegando todas as grandes áreas da Física, “tanto é que antes não tinha Ondulatória e Óptica, e agora é quase predominante”.

É preciso ir além das fórmulas

“O que acontece é que você até pode saber as fórmulas de cinemática, dinâmica e eletromagnetismo, só que se você não souber em qual situação elas se encaixam, elas ficarão perdidas, sem aplicação”, explica o professor de Física.

Em provas mais técnicas e objetivas, até dá para inserir uma fórmula ou outra. Porém, como o Enem traz um contexto de situação-problema, fica mais difícil.

Pedroso conta que é preciso se apropriar da fórmula. Para isso, tente aguçar sua memória no momento que estiver estudando Física e procure entender quando se aplica e o porquê. “Se o conceito estiver fortalecido, a maneira de resolução fica muito mais fácil”, conclui.