Desconhecimento sobre H3N2 é o maior desafio da campanha da gripe


O Ministro da Saúde, Gilberto Occhi, esteve em São Paulo nesta segunda-feira (23) para fazer o lançamento nacional da campanha de imunização contra o vírus influenza, que causa gripe e infecções respiratórias graves. Em todo o país, 54 milhões de pessoas devem se vacinar até o dia 1 de junho. A vacina oferecida na rede pública de saúde protege contra os vírus H1N1, H3N2 e Influenza B, como nos últimos anos. A diferença da vacina de 2018 é o subtipo do vírus H3N2, o que ainda é ponto de desconhecimento. O próprio ministro se atrapalhou na hora de explicar para a imprensa. “O Ministério da Saúde faz o acompanhamento do vírus que ocorreu no Hemisfério Norte. Até setembro do ano passado, todo o Hemisfério Sul e o Brasil, inclusive, tinha todas as informações dos vírus que circularam no Hemisfério Norte, o que acabou tendo uma gravidade maior nos Estados Unidos. A partir de setembro, o Instituto Butantan providencia já, com a cepa que ocorreu nesse outro Hemisfério, uma vacina protegendo contra o vírus que lá circulou. Então, nós temos aqui uma proteção maior de todo esse vírus que aconteceu, por isso esta vacina é trivalente. Ela tem já o vírus, ou antivírus, da H3N2, junto com H1N1”. 

Existem dois tipos de vacina contra a influenza, a trivalente e a quadrivalente. Todos os anos, durante a campanha, o governo oferece a vacina trivalente com proteção para três tipos de vírus: H1N1, H3N2 e influenza B.

Os subtipos mudam. A cada ano, coloca-se na vacina do Hemisfério Sul o subtipo que circulou mais no Hemisfério Norte no segundo semestre ano anterior.

A vacina de 2017 protegia contra o subtipo H3N2 – Hong Kong. Mas, no segundo semestre, o subtipo de vírus que circulou, e causou uma epidemia nos Estados Unidos foi outro, foi o H3N2 – Singapura.

Por isso, a vacina que está sendo aplicada no Brasil este ano sofreu uma modificação. Agora ela protege contra este subtipo, chamado de Singapura.

Os especialistas acreditam que, por causa desta mudança, a vacina aplicada no Brasil deve ser mais eficiente que a aplicada nos Estados Unidos e o país deve estar protegido contra uma possível epidemia.

Crianças são o foco da campanha

A campanha de vacinação vai ser dividida em etapas (veja abaixo a calendário). Neste primeiro momento, idosos, profissionais da saúde e comunidades indígenas devem ser vacinados.

A aposentada Maria José Lopes faz integra um desses grupos. Com 62 anos, chegou cedo ao posto de saúde do bairro de Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, onde o ministro inaugurou a campanha. Ela diz que quis aproveitar o primeiro dia de vacinação.

“Eu soube que começava hoje e quis logo me precaver para não pegar gripe e também para evitar tumulto, depois que as pessoas souberem, a fila vai aumentar”, contou.

Neste primeiro dia, a fila estava pequena, com poucos minutos de espera.

Maria José faz parte de um grupo que, no ano passado, respondeu bem à campanha. De acordo com o Ministério da Saúde, 98% dos idosos tomaram a vacina em 2017. Situação bem diferente das crianças.

De acordo com o ministro Gilberto Occhi, no ano passado, apenas 77% do público-alvo de crianças foram vacinadas. “Por isso o meu apelo aos pais, para trazerem os filhos para tomar a vacina”, disse.

As crianças foram as que tiveram o mais baixo desempenho na campanha de vacinação de 2017.