Deputados do Rio voltam à cadeia quatro dias após serem soltos


        Jorge Picciani e mais dois estão presos no Rio

Quatro dias depois de serem soltos, os deputados Jorge Picciani, presidente da Alerj (Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro), Paulo Melo e Edson Albertassi (todos do PMDB), acusados de corrupçãoem conluio com empresas do setor de transporte urbano, já estão de volta à Cadeia Pública de Benfica. Eles chegaram por volta das 17h50 e foram recebidos por populares, que comemoraram a nova prisão na porta da prisão. A prisão representa uma reviravolta provocada pela decisão do TRF-2 (Tribunal Regional Federal da 2ª Região), que decidiu mandá-los para a prisão novamente nesta terça-feira (21), primeiro dia útil após a decisão dos parlamentares de soltá-los, por 39 votos a 19. Em nota publicada no site, a Alerj decidiu “não questionar o entendimento do TRF-2”, mas enviou ofício ao Tribunal a decisão da últilma sexta-feira (17) que soltou os três deputados federais. Na sessão realizada mais cedo nesta terça-feira, a Casa tentou manter a normalidade. A instabilidade trazida pelo prende-solta-prende não impediu que se votassem projetos que já estavam na pauta, como o que dispõe sobre o funcionamento de empresas especializadas na prestação de serviços de controle de vetores e pragas e o que inclui nos documentos de identificação de pessoas diabéticas esta informação. Depois da sessão, a Mesa Diretora se reuniu e, ao fim dessa deliberação, a casa irá se pronunciar sobre o assunto.

Os 42 deputados presentes à Alerj tentavam entender a nova situação. Resta cerca de um mês de trabalho para fecharem o ano — em geral, o expediente vai até poucos dias antes do Natal — e a Casa ainda tem de votar o orçamento para 2018.

Na ausência de Picciani, que estava oficialmente licenciado, como Melo e Albertassi, até a nova decisão do TRF-2, quem preside é o primeiro vice-presidente, Wagner Montes (PRB). Este enfrenta problemas de saúde. Possivelmente, o segundo vice-presidente, André Ceciliano (PT), irá assumir.

“É incalculável o que vai acontecer até o fim do ano. Não se sabe quem preside, quem está solto, quem está preso. A Alerj está sob suspeita”, disse o deputado Marcelo Freixo (PSOL).

O partido, que vai à Comissão de Ética da Casa contra os três deputados, está fazendo um levantamento dos projetos de lei que se referiram ao setor de transportes nos últimos cinco anos, e que deixaram de ser votados. O objetivo é verificar se eles foram tirados de pauta para empresas de ônibus que pagavam propina aos deputados presos fossem beneficiadas. O PSOL quer recolocá-los para apreciação.

“O que houve foi um conflito de competências, e quem decide isso é o Supremo Tribunal Federal. A Constituição diz que os poderes são independentes e harmônicos”, ponderou o deputado Luiz Paulo (PSDB).